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Memorando da CIA mostra que Geisel soube e autorizou execuções de presos políticos

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10/05/2018 – 14h39

Documento descreve reunião do ex-presidente com miltares em março de 1974

Um memorando feito pelo ex-diretor da CIA William Egan Colby em 11 de abril de 1974 e destinado ao então Secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger mostra como o ex-presidente Ernesto Geisel soube e autorizou a execução de centenas de opositores políticos durante a ditadura militar no Brasil. Nele, está descrito um encontro em 30 de março de 1974 entre o presidente Ernesto Geisel com o general Milton Tavares de Souza e com o general Confúcio Danton de Paula Avelino, respectivamente os chefes de saída e chegada do Centro de Inteligência do Exército (CIE), à época. No encontro, também estava o general João Baptista Figueiredo, chefe do Serviço Nacional de Inteligência (SNI). Figueiredo, inclusive, sucedeu Geisel na presidência em 1979.

Durante o encontro, segundo o documento, o general Milton Tavares de Souza, que estava deixando a chefia do CIE, informa a Geisel sobre a execução sumária de 104 pessoas feita pelo CIE durante o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici, e pede autorização para continuar a “política” de extermínio no novo governo.

O documento foi localizado pelo pesquisador de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas Matias Spektor. Para ele, “é a evidência mais direta do envolvimento da cúpula do regime (Médici, Geisel e Figueiredo) com a política de assassinatos”.

No memorando, o diretor da CIA escreve que o general Milton Tavares “enfatizou que o Brasil não pode ignorar a ameaça subversiva e terrorista e disse que métodos extra-legais devem continuar a ser empregados contra subversivos perigosos. A este respeito, o General Milton disse que cerca de 104 pessoas nesta categoria foram sumariamente executadas pela CIE durante os anos anteriores (1973), aproximadamente. Figueiredo apoiou essa política e insistiu em sua continuidade”.

Na reunião, Geisel pediu para pensar durante o fim de semana para decidir se continuava ou não com a “política”. Em 1º de abril, o memorando informa que o presidente disse ao general Figueiredo que a “política deveria continuar”. No entanto, Geisel orientou que “apenas subversivos perigosos fossem executados”. Ele e Figueiredo concordaram que todas as execuções deveriam ser então aprovadas por Figueiredo.

“Quando a CIE prender uma pessoa que possa se enquadrar nessa categoria, o chefe da CIE consultará o general Figueiredo, cuja aprovação deve ser dada antes que a pessoa seja executada. O Presidente e o General Figueiredo também concordaram que a CIE deve dedicar quase todo o seu esforço à subversão interna, e que o esforço geral da CIE será coordenado pelo General Figueiredo”, descreve o documento.

Segundo a rede do governo americano onde esses documentos estão sendo disponibilizados, uma cópia do memorando vai ser disponibilizada ao Secretário de Estado Adjunto para Assuntos Interamericanos. Hoje, a descrição do documento está disponível online no site dos documentos históricos americanos. O original está na CIA. Na leitura do documento, é possível reparar que o primeiro parágrafo do memorando continua secreto e não foi disponibilizado. (Juliana Dal Piva/O Globo)

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