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Marun chama Joesley de ‘mafiosinho de terceira categoria’

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28/11/2017 – 13h57

Presidente da comissão ameaçou pedir rescisão total da delação

BRASÍLIA – Diante do silêncio do empresário Joesley Batista, dono da JBS, o relator da CPI que investiga a empresa, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), fez ataques diretos a ele. Marun acusou o empresário de fazer parte de uma “conspiração” para derrubar o presidente Michel Temer e afirmou que Joesley era um “mafiosinho de terceira categoria”.

— O senhor, que era um mafiosinho de terceira categoria, resolveu achar que era um Al Capone — atacou Marun.

O peemedebista destacou que, na sua delação, o empresário confessou ter pago propina para mais de 1,8 mil políticos ao tratar todas as doações feitas como propina.

— Eu acho que o senhor nem é tão bandido quanto o senhor confessa ser — ironizou.

Marun disse que o empresário e seu grupo cooptaram o ex-procurador Marcello Miller e o protegeram na delação. Criticou ainda o ex-procurador-geral Rodrigo Janot e o ex-chefe de gabinete deste, Eduardo Pelella. Afirmou que Joesley foi “convencido” a gravar o presidente Temer. Destacou ainda que o grupo esperava contar com “boa vontade” do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin para homologar a delação por ter auxiliado ele durante sua campanha para nomeação ao cargo.

Antes de Marun, o presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), falou por quase uma hora no que chamou de uma “cronologia” da delação. Ele listou fatos de investigações que haviam contra a empresa e evidenciou diversas vezes a participação de Miller no processo. Após o advogado de Joesley, Ticiano Figueiredo, ter confirmado que ele não responderá a perguntas, Ataídes afirmou que deve pedir a rescisão do acordo, que até o momento encontra-se suspenso. Tal medida já foi adotada em relação a Wesley, irmão de Joesley.

— Diante da clara e da insofismável postura, eu pedi a rescisão deles, uma vez que tinham obrigação de colaborar e não os fizeram. Eu alerto Vossa Senhoria com relação a isso aqui. Evidente que essa comissão usará a legislação para tomar providência se o senhor permanecer em silêncio — disse Ataídes.

A ameaça não surtiu efeito e até agora a única frase dita por Joesley em resposta às perguntas foi:

— Me mantenho em silêncio.

SESSÃO DUROU QUATRO HORAS

Mesmo diante do silêncio de Joesley, parlamentares continuaram a fazer seus discursos. Alguns ainda ensaiaram perguntas, recebendo como resposta variações da frase “mantenho o silêncio”. Outros prosseguiram com ataques, como João Gualberto (PSDB-BA). Ele cobrou que a CPI avance sobre a investigação de políticos e afirmou que Joesley tinha de colaborar entregando os “20, 30, 40 políticos” responsáveis pelos pagamentos de propina a todos os demais. Gualberto afirmou que os colegas estão com “ódio” do dono da JBS e afirmou que o conhece desde 1986 e que desde aquela época o empresário já era “sonegador e corruptor”.

— Esses homens estão com ódio do senhor. O senhor de fato pode contribuir, é falando verdade, falando da relação desde 2002 com esse governo. Eu o conheço desde 1986, quanto tinha o matadouro, sempre foi sonegador e corruptor — disse o tucano.

João Rodrigues (PSD-SC) foi um a insistir com perguntas. Diante da falta de respostas, ironizou o fato de Joesley ter sido preso após a autogravação de uma conversa com Ricardo Saud.

— O diabo faz a panela, mas não faz a tampa. De tanto que os senhor armaram, caíram na própria armação — afirmou Rodrigues.

Houve alguns poucos momentos de descontração. Um deles quando o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) falou do poder de persuasão de Joesley e seu grupo, ironizando o fato de o cantor Roberto Carlos ter feito propaganda para a empresa.

— Ele conseguiu coisas que ninguém imaginava. Ele conseguiu fazer o Roberto Carlos comer carne, ele que é vegetariano — afirmou Pimenta, para risos dos colegas.

O presidente da CPI, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), encerrou a sessão depois de cerca de quatro horas dizendo que conhecia Joesley há mais de 20 anos, mas que espera que a empresa JBS saia imune do caso, com a punição recaindo sobre os controladores.

O empresário Joesley Batista fica em silêncio no depoimento à CPI da JBS. - Ailton Freitas / Ailton Freitas

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