25.6 C
Dourados
quinta-feira, março 28, 2024

General que defendeu golpe vai coordenar frente de candidatos militares

- Publicidade -

01/03/2018 – 18h32

Eleitor de Jair Bolsonaro (PSL-RJ), Mourão quer usar o Clube Militar como “polo aglutinador” das candidaturas dos colegas de farda

Conhecido por ter defendido um golpe militar na hipótese de o país não punir corruptos e não conseguir sair da crise política, o general de Exército Hamilton Mourão vai articular uma frente de candidatos das Forças Armadas para as eleições de outubro. Em entrevista ao site da revista Piauí, o general, que passou ontem para a reserva, disse que os candidatos militares terão “uma linha-mestra de ação”.

“Teremos muitos candidatos oriundos do meio militar – senão em todos, em grande número de estados. Embora concorrendo por diferentes lugares, eles terão uma linha-mestra de ação e um discurso mais ou menos aproximado, com os interesses da nação e dos militares. Eu serei um articulador disso aí”, declarou Mourão ao jornalista Fábio Victor. Ontem, ao se despedir após 46 anos na ativa, ele voltou a elogiar o coronel Brilhante Ustra, primeiro militar reconhecido como torturador pela Justiça brasileira, morto em 2015.

Mourão recebeu palavras generosas do general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, no Twitter. “Soldado na essência d’alma! Sentimos emoção genuína e reconhecimento ao @exercitooficial. Todos te agradecemos amigo Mourão os exemplos de camaradagem, disciplina intelectual e liderança pelo exemplo. #ObrigadoSoldado.”

Candidato à presidência do Clube Militar do Rio e eleitor de Jair Bolsonaro (PSL-RJ), Mourão disse à piauí que usará a entidade como “polo aglutinador” das candidaturas dos colegas de farda e fórum de debates. Ele contou que foi sondado por três partidos para concorrer a presidente, governador do Rio e do Distrito Federal, senador e deputado federal. Ele nega a pretensão de se candidatar, mas admite a possibilidade se houver uma “hecatombe nuclear”. E o que seria essa “hecatombe?” “Se por acaso o processo político não transcorrer de forma organizada, se não tivermos mais candidatos que possam representar interesses de uma parcela da população e que eu me veja compelido a participar do jogo político como candidato.”

Embora evite nomear candidatos militares, Mourão tem defendido publicamente alguns colegas. Segundo a piauí, é o caso do tenente-coronel da ativa Luciano Zucco, que deve disputar uma vaga de deputado estadual no Rio Grande do Sul, possivelmente pelo mesmo PSL de Bolsonaro.

Outro militar que está em pré-campanha, de acordo com a revista, é o general da reserva Paulo Chagas, que pretende concorrer ao governo do DF pelo PRP. Ele preside o grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), criado em contraposição ao Tortura Nunca Mais, que representa as vítimas da ditadura.

Ao menos outros dois generais da reserva também devem concorrer, conforme a reportagem da piauí. Um deles é Sebastião Peternelli, que buscará uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PSC de São Paulo. Ele chegou a ser indicado pelo partido para presidir a Fundação Nacional do Índio (Funai) no início do governo Temer, em 2016. Ele acabou preterido após a imprensa divulgar que ele fazia apologia ao golpe de 1964. Ex-secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, o general Eliéser Monteiro Filho quer disputar o governo do estado, provavelmente pelo PSL.

Segundo Mourão, a candidatura de militares à Presidência, caso de Bolsonaro, e outros cargos representa uma novidade para o momento atual, mas, ao mesmo tempo, em sua avaliação, reflete o prestígio das Forças Armadas. “É uma novidade se olharmos em tempos atuais. Se nós lembrarmos do período do Império e do início da República, até movimento de 64, sempre tivemos militares dentro do Congresso”, ressalta.

Ainda na entrevista à piauí, o general criticou a forma com que está sendo feita a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro. “É uma intervenção meia-sola. Acho que foi uma péssima linha de ação. No século XIX, quando o Caxias era nomeado interventor para conter revoltas, recebia tanto poder político como militar. Agora o interventor recebe só poder militar, mas não tem o poder político, num estado em que o crime organizado ataca nos dois níveis – no do colarinho-branco e no da bandidagem. Então, nós ficamos numa guerra e de mãos atadas.”

Polêmicas

Em 2015, Mourão foi removido do Comando Militar do Sul após ter feito uma homenagem ao coronel Brilhante Ustra e críticas ao governo Dilma. Foi transferido, então, para a Secretaria de Economia e Finanças do Exército, em Brasília.

Em setembro do ano passado, em pronunciamento público na Loja Maçônica Grande Oriente, também no Distrito Federal, defendeu que as Forças Armadas tomem a dianteira caso o país não puna políticos e autoridades envolvidos em corrupção e não consiga superar a crise política.

“É óbvio que quando olhamos com temor e com tristeza os fatos que estão nos cercando a gente diz: porque que nós não vamos derrubar esse troço todo? Na minha visão, e a minha visão coincide com a dos meus companheiros do Alto Comando do Exército, nós estamos numa situação daquilo que poderíamos lembrar lá da tábua de logaritmo, né? Aproximações sucessivas, até chegar o momento em que ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso.” Embora o comandante do Exército tenha sido chamado a dar explicações sobre o assunto para o ministro da Defesa, Mourão não foi punido.

General que defendeu golpe vai coordenar frente de candidatos militares

- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -

Últimas Notícias

Últimas Notícias

- Publicidade-