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Bolsonaro recua de fusão de Ambiente e Agricultura e diz não querer xiita ambiental

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01/11/2018 – 16h39

Possível união de ministérios foi criticada por ministros, ex-ministros, ambientalistas e agronegócio

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) declarou que “pelo que tudo indica”, os ministérios do Meio Ambiente e Agricultura permanecerão separados, e que a pasta ambiental será comandada por alguém que não seja “xiita” na defesa do ambiente. Bolsonaro afirma que a ideia da fusão foi discutida e que possivelmente será modificada. “Serão dois ministérios distintos, mas com uma pessoa voltada para a defesa do meio ambiente sem o caráter xiita, como feito nos últimos governos”, diz. A declaração foi dada nesta quinta (1º) em entrevista a televisões católicas.

“O Brasil é o país que mais protege o meio ambiente”, diz o presidente. “Nós pretendemos proteger proteger o meio ambiente, sim, mas não criar dificuldades para o progresso.” O aceno para um recuo já havia sido feito no final da tarde desta quarta (31) por Luiz Antônio Nabhan Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista). Segundo ele, a questão só será definida “ao longo de muita conversa”. ​

Antes da eleição, Nabhan Garcia, após reunião com Bolsonaro e ruralistas, já havia falado sobre uma possibilidade de rever a decisão da fusão. A fala, contudo, foi contestada Onyx Lorenzoni, futuro ministro da Casa Civil, que negou recuos em relação ao tema. “Ninguém recuou nada. A questão da agricultura, alimentação e meio ambiente é uma decisão desde os primeiros passos do plano de governo.”

A unificação das pastas era uma promessa de campanha do capitão reformado. Depois, ele se disse aberto às sugestões de setores do agronegócio que defendem a manutenção da separação. A afirmação de Bolsonaro ocorre após críticas dos atuais ministros do Meio Ambiente, Edson Duarte, e da Agricultura, Blairo Maggi. A ideia também recebeu oposição de oito ex-ministros do Meio Ambiente, de ambientalistas e de setores do agronegócio.

Duarte afirmou que a fusão poderia trazer prejuízos para ambas as pastas, inclusive para o agronegócio. Maggi, que tem atuação como investidor no setor de soja, lamentou via Twitter a possibilidade de fusão e afirmou que a decisão traria “prejuízos incalculáveis ao agronegócio brasileiro”.

Segundo Marina Silva (Rede), a união se daria entre o órgão que tem a função de fiscalizar com o que é fiscalizado. Carlos Minc, sucessor de Silva na pasta, a decisão seria o maior retrocesso dos últimos 50 anos. Izabella Teixeira, ex-ministra e sucessora de Minc, diz que a ideia demonstra desconhecimento da dinâmica de tomadas de decisão das pastas e que a fusão seria um apequenamento de ambos os ministérios. Sarney Filho (PV-MA), ex-ministro do Meio Ambiente do governo de Michel Temer, classificou a fusão como uma tragédia para o Brasil e para o mundo.

Especialistas ambientais e ONGs também se demonstraram preocupação com a possível fusão. Segundo eles, a união poderia promover um aumento do desmatamento e maior violência no campo. O agronegócio se mostra dividido quanto a possibilidade. O temor é que a união traga problemas exclusivamente ambientais para serem tratados pelo setor agrícola. (Phillippe Watanabe/Folha de S. Paulo)

Jair Bolsonaro e Luiz Antônio Nabhan Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista) - Marcelo Teixeira/Reuters

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