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Candidato do governo tem de mostrar capacidade de ganhar, diz Jucá

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18/12/2017 – 07h28

O líder do governo no Senado e presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), afirma que o candidato governista à Presidência em 2018 precisa demonstrar “capacidade de ganhar a eleição”. Principal articulador político de Michel Temer no Congresso, Jucá diz, em entrevista à Folha de S. Paulo, que o tucano Geraldo Alckmin é um bom nome, mas não o único. Ele ataca o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, autor de duas denúncias contra Temer, e diz que a reforma da Previdência seria aprovada se não fosse a atuação do ex-PGR. Responsável por anunciar o adiamento da reforma para 2018, Jucá reconhece que sua aprovação em ano eleitoral ficou “mais difícil”.

Termina um ano turbulento para o governo. Foram arquivadas duas denúncias contra o presidente e aprovada a reforma trabalhista, mas o grande trunfo, a reforma da Previdência, não foi votada. O saldo é positivo?

É extremamente positivo. O presidente Temer assumiu o governo há um ano e meio com inflação de 10,45%. Agora está em 2,8%. Pegamos taxa de juros de 14,75% e está a 7% -a menor da história do país.
Foi um ano e meio em cima de turbulências inimagináveis. Nós tivemos um ataque especulativo. O interesse do senhor Janot era derrubar o governo. Na verdade, o presidente Temer resistiu e saiu mais forte.

Mas sai fraco sem a reforma da Previdência…

Não sai fraco. Eu diria que não sai fortalecido o necessário para a economia responder da forma que poderia fazer.

O senhor disse que a turbulência está passando. A Lava Jato perdeu força?

Não temos mais vazamentos irresponsáveis e fabricação de crise. Na época do Janot tínhamos fabricação de crises não verdadeiras. Isso tumultuou a política, a economia. Tentou-se acabar com a classe política deliberadamente forjando delações.

Temer nomeou a nova PGR e trocou a direção da PF. Isso não é estancar a sangria como o senhor havia dito naquela conversa com Sérgio Machado (ex-presidente da Transpetro)?

Primeiro que estancar a sangria se referia ao governo Dilma. Não era estancar a Lava Jato. Estava sangrando o país, acabando com o Brasil -e a prova é que revertemos isso. A Lava Jato eu sempre defendi. A doutora Raquel Dodge [a atual PGR] age com responsabilidade, não está estripando o país como Janot fez. A Polícia Federal ter um diretor novo depois de um tempo enorme é algo extremamente natural. Você cobrar responsabilidade e o cumprimento da lei não é estancar nada. É estancar o abuso.

O senhor é alvo de vários inquéritos.

Fiz questão de depor nos inquéritos. Um deles é porque estava num almoço e apareceu o Paulo Roberto [Costa, ex-diretor da Petrobras]. Depois não se chegou a mais nada. Em outro montaram a gravação com Sérgio Machado. Quem montou? Marcelo Miller [ex-procurador]. Montou-se uma gravação, encomendou-se um pistoleiro, que é o Sérgio Machado, para salvar os filhos dele que roubaram.
O Janot criou um acordo e mandou seu braço direito fazer uma delação e envolver a classe política toda. Renan Calheiros, Aécio Neves, eu, todo mundo. O que isso demonstra? Ação deliberada.

Lula será julgado em janeiro. Como o sr. avalia o cenário eleitoral em relação a ele?

Acho que se Lula for condenado, ele deixa de ser candidato. Se for inabilitado, será um cabo eleitoral importante, mas não poderá ser candidato. Lula sendo candidato, o eixo da eleição é o Lula e o anti-Lula. Ele não sendo candidato, o eixo da eleição é muito mais a economia e o discurso dos outsiders.

O que favorece o candidato do governo.

Ou não. Depende de quem será. Tem que ser um candidato que demonstre capacidade de ganhar a eleição. Essa será a principal aglutinação que ele poderá fazer.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) é um bom nome?

Alckmin é um bom nome, mas existem outros.

Quais?

No PSD, existe o Henrique Meirelles [ministro da Fazenda]. No PMDB, temos o Paulo Hartung [governador do Espírito Santo], o próprio presidente Temer, que pode ser candidato ou não.

Não está descartada essa possibilidade de Temer sair?

Não. Ele descarta, mas a política é um processo.

Meirelles disse em entrevista à Folha que Alckmin não será o candidato do Planalto porque não abraçou o legado do governo. O senhor concorda?

O que o PSDB disse há um tempo pode ser revisto. O próprio PSDB pode fazer isso. Um exemplo é fechar questão pela reforma da Previdência.

Mesmo com uma aprovação do presidente tão pífia, de 5%, é possível defender o legado?

O governo tem um legado.

Qual é o legado?

Taxa de juros baixa, inflação controlada, crescimento econômico, emprego, reforma trabalhista, reformas estruturantes. Estamos saindo de uma tempestade. A cada dia que passa, o legado cresce, e o fortalecimento do PMDB ocorre. O governo está construindo um legado na economia e na gestão que será um pilar importante na campanha.
Os partidos precisam ter o bom senso de construir uma chapa forte, que defenda esse legado. Pode ser com o PSDB, com o DEM, com qualquer partido. Se houver essa defesa, nós estaremos num projeto coletivo. Se não houver, aí o PMDB poderá não estar num conjunto de forças, poderá ter candidatura própria.

Como o senhor vê o PMDB no ano que vem?

No dia 19 (terça-feira) vamos ter a convenção para resgatar o nome MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Não queremos ser um partido político só, queremos ser uma força política.

Será feita uma sinalização de candidatura própria?

Não, pois candidatura própria é uma construção. Daremos início a uma discussão de ajuste do programa do partido.

O senhor fala em legado econômico. Como traduzir isso para o eleitor que não sentiu esse impacto?

Isso se fará no próximo ano. A macroeconomia replica na microeconomia e repercute na vida das pessoas.

Por que a reforma da Previdência ficou para 2018?

O governo fez uma proposta, existiram percalços. Foi feita a construção de uma proposta menor, mais palatável. Três partidos fecharam questão: o PMDB, o PTB e o PSDB, e outros acenam com essa possibilidade, como o DEM.
O governo tinha os votos num primeiro momento, mas Janot torpedeou a Previdência com as denúncias. Prestou um desserviço ao Brasil. Se tivéssemos votado a reforma da Previdência, o quadro da economia seria hoje muito melhor. A reforma é um ponto fundamental porque é o maior gasto público. É o ponto central do teto do gasto.

Em 2018, ano eleitoral, não será mais difícil aprová-la?

É mais difícil. Mas agora não temos votos e estamos num crescente de conquista.

Como está a conta hoje?

Não sei, mas não temos os 308 votos necessários.

Sem a reforma, qual seria uma medida para compensar?

Isso depende do Meirelles e do Dyogo Oliveira [ministro do Planejamento]. O governo não vai criar imposto. Até seria [uma forma de compensar], mas não é o momento. O país não aguenta mais impostos.

Dizem que o senhor ainda é o ministro do Planejamento…

O ministro é o Dyogo que, aliás, é um excelente ministro.

O que dá tempo ainda de votar em 2018?

Acho que dá para votar a Previdência, medidas macroeconômicas e talvez uma pequena reforma tributária.

Qual sua opinião sobre as perspectivas de crescimento?

Eu penso que vai ter crescimento [do PIB, Produto Interno Bruto]. Claro que ainda há um intervalo de crescimento entre 2,5% e 3%. O governo quando fala de números tem que ser conservador, não pode especular.

Candidato do governo tem de mostrar capacidade de ganhar, diz Jucá

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