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Que venham os paraquedistas!

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08/01/2018 – 00h27

Presunção do bairrismo prejudica candidatos douradenses em outros redutos

Outro dia um de meus leitores mais ilustres, Fabiano Deiss, arregalou os olhos e deu uma engasgada para ensaiar uma tréplica, mas, educadamente, como sempre, calando-se e abaixando a cabeça num discreto tom de discordância do escrevinhador que em outros tempos andou endossando um dos mais ignóbeis argumentos da imprensa interiorana quanto à necessidade de se dar um chega-pra-lá nos candidatos ‘de fora’ – os conhecidos paraquedistas ou ‘copa do mundo’, principalmente os disputantes de cargos proporcionais. Nossa prosa, claro, girava em torno do velho sonho dos douradenses de eleger alguém da região governador ou, que seja, um senador.

O assunto sempre vem à tona às vésperas das eleições para o governo e o senado. Os saudosistas, sempre os mais inquietos, sempre lembrando os bons tempos em que Rachidão Saldanha Dérzi – o único, até hoje, legítimo representante da região – batia na mesa, mandava e não pedia, em Brasília. Depois disso, já vítimas da síndrome do rabo-de-cavalo diagnosticada pelo agora odilonsista Dagoberto Nogueira, os douradenses tiveram que se contentar com o grande feito da bela-vistense Marisa Serrano, que, muito bem votada entre os douradenses, só retornou à cidade uma vez, e, assim mesmo, para um rápido cafezinho numa padaria. Outro bela-vistense, Waldemir Moka, pelo menos trouxe algumas quireras, como o endosso para a verba conseguida por Geraldo Resende para a reforma da Escola Presidente Vargas.

“Dourados não aguenta mais ser a terra dos vices e dos suplentes!”. Quem não se lembra de um eloquente Celso Dal Lago batendo na mesma tecla no auge e sua malsucedida experiência como suplente de Juvêncio da Fonseca (é suplente, de novo, agora de Simone Tebet) quando presidente do PTB estadual, num programa de propaganda política? Isto, lá na virada do século! Quase dez anos depois, com ninguém se habilitando, o então recém-empossado prefeito Ari Artuzi voltava à carga, mais enfático e, como era de seu estilo, pegando um dia Murilo Zauith pelo braço, durante uma festa partidária, questionando e, ao mesmo tempo, alertando o então deputado federal: “E daí, Murilo, você quer ou não quer ser nosso senador? Porque se você não quer eu largo a prefeitura e saio candidato”. Claro que, transformado em fenômeno eleitoral exatamente por ser um dos poucos a se eleger deputado estadual com sobra de votos em Dourados, Artuzi projetava ser reeleito e renunciar na metade do segundo mandato, mal sabendo da arapuca que já estava sendo montada para que fosse obrigado a renunciar mais cedo do que imaginava e por razões tão adversas.

O contraponto que fiz a Fabiano Deiss foi para mostrar que não basta Dourados ser a segunda cidade e sede do segundo maior colégio eleitoral do Estado para se arvorar no direito de ter um governador ou um senador. Muito mais que, a exemplo de Maracaju (reduto eleitoral de Reinaldo Azambuja), plantar mais soja, tem que rezar para aparecer outro Zé Elias. Alguém que, muito mais que fazer uma grande administração, como fez o filho de seu Quinzito, tenha ‘aquilo roxo’, como se gabava o ex-presidente Collor de Melo. Artuzi até parecia que tinha, mas… isso é assunto para outro texto!

Quanto aos paraquedistas proporcionais, a prevalecer, como diria Odorico Paraguaçu, a arrogância ignorantícia de alguns colunistas, como seria a representatividade da terra de seu Marcelino se seus candidatos não dessem suas bicadas por aí, em Campo Grande, principalmente? Beliscar, aliás, é pouco! No caso mais emblemático, Geraldo Resende teve essa já invejável sequência de mandatos, primeiro estadual, depois federais, porque passa o rodo estado afora. Se dependesse apenas dos votos dos douradenses talvez nunca tivesse chegado a Brasília. A mesma coisa Zé Teixeira, que ameaçou até transferir seu título eleitoral para Caarapó, pelo tanto que era mal votado em Dourados. Não à toa, agora mirando o futuro, que o douradense Neno Razuk, nem bem iniciada a campanha para ocupar a cadeira que um dia foi do pai, Roberto Razuk, na Assembleia, tratou logo de montar uma banca em Campo Grande. É uma contraofensiva ao ‘brimo’ campo-grandense Jamilson Name – o primeiro dos novos paraquedistas a cair em seu reduto eleitoral. É assim a vida. É assim a política. Afinal, o jogo não é democrático?

O campo-grandense Jamilson Name impulsionado, já, na página do ex-presidente da Câmara de Dourados, Júnior Teixeira, no Facebook.

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