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O clientelismo político que provocou a derrocada da administração Délia Razuk

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29/01/2019 – 13h51

Délia Razuk abandonou o macro da administração para negociar no varejo com os vereadores

Assim que elegeu sua mulher prefeita de Dourados, ainda curtindo a vitória que para ele tinha o sabor de desagravo, o ex-deputado deputado Roberto Razuk me chamou para um prosa, prometendo-me para breve um furo de reportagem que teria repercussão nacional: o asfaltamento de todas as estradas vicinais do município. E como se daria tal milagre? Numa parceria por ele arquitetada com o ministério da Agricultura, graças ao prestígio de alguns amigos em comum com bom trânsito junto ao então ministro Blairo Maggi. Diante do Criador, o prefeito das linhas e dos travessões da Colônia Agrícola, João Totó Câmara, poderia providenciar o foguetório que alumiaria toda a Grande Dourados.

Empossada a dona, como gosta de se referir à prefeita, Razuk continuou pensando grande. Buscou laços de parentescos esquecidos no Paraná para acionar a assessoria do então governador Beto Richa, restabelecendo as negociações para a tão sonhada ligação ferroviária entre a Grande Dourados e os portos de exportação do Atlântico. Como Délia Razuk foi buscar ninguém mais ninguém menos que José Elias Moreira para ser seu secretário de Planejamento, tudo levava a crer que a prefeita entrava na fila dos que vieram para quebrar paradigmas. Tanto que em outra ponta, o mesmo Zé Elias era autorizado a aprofundar as conversas iniciadas por Murilo Zauith com o general da Brigada para a ampliação do aeroporto Francisco de Matos Pereira.

Tudo fogo de palha. É que na cabeça da mulher sensível que sempre posou de “mãezona” convencendo o eleitorado de que o caminho era o do social, esse tipo de “arroubo” de Roberto Razuk (deputado por dois mandatos) e de José Elias (até hoje tido como o maior prefeito da história da terra de seu Marcelino), poderia deixar a impressão de que o deputado Geraldo Resende estava certo ao questionar o papel de seu “emblemático” marido caso ela se elegesse prefeita. Dessa estreiteza de pensamento à primeira baixa no secretariado foi um pulo. Como marido não se demite, sobrou para Zé Elias, o primeiro a pegar o boné. Era o início da crônica de uma derrocada anunciada.

Como deduzo ter caído em desgraça com os Razuk no dia em que usei o termo jurídico “sob vara” para, jornalisticamente, retratar a forma como a administração começava a ser conduzida a partir do momento em que o Ministério Público mostrou suas garras, fico sem jeito para usar a expressão popular que, por seu escracho, é a que melhor traduz a causa do rompimento da barragem do mar de lama que jorrou sobre os ditos costumes republicanos na administração Délia Razuk. Fiquemos, então, com o não menos popular toma lá, dá cá. Com os vereadores. Sempre eles, claro, e os mais gananciosos os da tal bancada governista.

Opção ou necessidade, este foi o caminho, sem volta, escolhido pela prefeita Délia Razuk. Daí a ser obrigada a demitir sem dó nem piedade secretários tidos como de sua cozinha. Alguns, como Tahan Sales Mustafá, de Obras, que, desconfia-se, pode ter caído porque repetia sempre um sonoro “não!”, quando se tratava de pedidos em desacordo com a engenharia e a lei ou pelo tanto de projetos que rasgou e jogou no lixo pelos fortes indícios de maracutaia. Por si só, uma situação que fomenta cada vez mais os comentários de pedido de licença, de renúncia, ou, pior, até cassação de mandato da prefeita.

Délia e vereadores aliados: o começo do fim

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