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A morte de Carlos Fróes e as incertezas de Délia Razuk

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29/01/2018 – 10h14

A morte, neste final de semana, do vereador, prefeito e deputado Carlos Fróes, de Ponta Porã, reforça a necessidade de reflexão do eleitor sobre a importância de uma boa escolha, principalmente para os cargos executivos (prefeitos, governadores e presidente da República), já que no patamar a que chegou a política brasileira está quase extinta a figura do legislador (vereadores, deputados estaduais e federais, além dos ‘majoritários’ senadores), propriamente dito, a maioria não passando de um bando de interesseiros em busca de sinecuras para seus apaniguados ou agentes repassadores de vultosos recursos para obras e serviços de questionável prioridade, desde que se garanta o devido retorno. Ops!

Convidado por meus parceiros Giovani Barbieri e Armando Peralta, da VBC, para um almoço na casa do deputado Flávio Dérzi, em Campo Grande, fui logo advertido pelo anfitrião: “o Carlinhos foi um péssimo prefeito, tem cerca de cento e vinte processos, mas é uma grande figura humana, querido pelo povo de Ponta Porã e ‘precisa’, fez questão de enfatizar, vencer o Pelufo”. Assim, diante de um estupefato Carlos Fróes e de seu candidato a vice-prefeito, Flávio Kayatt, fui convocado para aquela que seria minha mais difícil missão como marqueteiro eleitoral. As credenciais, segundo o filho de Rachidão, meu trabalho anterior à frente da campanha vitoriosa de Braz Melo em Dourados contra o até então imbatível Zé Elias Moreira, na famosa urna dos quarenta votos.

Foi uma campanha memorável, embalada por um melodioso jingle, que era um hino, plagiado da campanha de Dante de Oliveira ao governo do Mato Grosso, nas vozes de Carlos Fábio e Nildo Pacito. Além do ‘ímpar’ currículo de Fróes e da não menos desconfortante condição de seu padrinho político como um dos anões do Orçamento da República, a total falta de estrutura, contra a máquina do governo estadual apresentando um candidato novo, o arquiteto Hélio Pelufo, de tradicional família fronteiriça, e, mais, correndo por fora, o candidato Dr. Amaral, já com toda a empáfia petista. Como prevaleceu o tom emocional da campanha de Carlinhos, em franca vantagem nas pesquisas, restava aos adversários o sempre temido ataque abaixo da linha da cintura: e veio a acusação de abigeato. Mas, vindo do velho Juvenal Fróes, do alto da sabedoria de quem beirava os cem anos, e massificada, a frase que decidiria a eleição: “podem acusar meu filho, que mora numa tapera, de tudo, menos de roubo de gado”. E, por precaução, depois de um inusitado acidente horas antes do debate em que Carlinhos seria trucidado por seus adversários, um reforço no sedativo e nos curativos. Ele nem tomou banho, e do hospital, todo ensanguentado, foi direto para os estúdios da TV Morena, onde, meio grogue, foi poupado pelos aí já apiedados Dr. Amaral e Pelufo. Daí foi só correr para o abraço.

Como o corpo de Carlos Fróes nem esfriou ainda, melhor nem analisar sua segunda administração. Mas o exemplo dos seguidos desastres administrativos em Ponta Porã, antes e depois dele, vem a propósito do delicado momento político e administrativo vivido por Dourados. Pulando Ari Artuzi, não só em respeito à sua memória, mas também por sua condição de maior fenômeno eleitoral já visto por essas bandas, tentando entender o que acontece com Délia Razuk. Ah, se arrependimento matasse! A prefeita não admite isso, claro, mas certamente é o que sente seu coração e o que passa por sua cabeça! Depois de uma vitória em cima da soberba e dos erros de estratégia de Geraldo Resende ela parece não saber o que fazer com a máquina encontrada emperrada na buracolândia de Murilo Zauith. Isto, precisando renunciar à sempre confortável cadeira de deputado para se submeter aos caprichos de uma das mais fisiológicas bancadas de vereadores de que se tem lembranças, para, a duras penas, tentar remar contra a maré mensaleira apenas com as ‘meninas’ de sua entourage e alguns abnegados como Albino Mendes, Joaquim Soares e Sérgio Henrique Araújo. Mas, este um problema de quem insiste em desconsiderar o fato de que, pelo óbvio da coisa, não se deve governar com o mesmo time que ajudou ganhar a eleição. Daí entendendo-se a apelação dos que dão o tom de sua comunicação, pelo tanto que insistem em fazer ver aos munícipes que a prefeita “manda”, “determina”, e outras bobagens do gênero, só faltando ao recorrer “prendo e arrebento” do general João Figueiredo.

Reflexões mais que importantes no início de um ano eleitoral. E se sobrou para Délia Razuk é muito mais pelo momento de incertezas que ela passa – não conseguindo nomear um secretário de governou ou um assessor de imprensa porque a base aliada não deixa – do que, propriamente, pelo gancho da morte de seu conterrâneo Carlos Fróes. Sim, porque convite maior à reflexão do eleitorado num ano de eleição presidencial, de governadores e de renovação do Congresso e das Assembleias Legislativas vem da Lava Jato e de seus ilustres presidiários, Eduardo Cunha e Sérgio Cabral puxando a fila, todos à espera do chefão da maior quadrilha já desbaratada na história, já condenado, maior falastrão da política brasileira, o Lula, agora voltando a ser simplesmente Luiz Inácio da Silva.

Ex-prefeito Carlos Fróes, que morreu neste final de semana, em Ponta Porã

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