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A grande oportunidade perdida por Délia Razuk

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11/02/2019 – 04h12

Para não dar o braço a torcer ao marido, a prefeita recusou o assessor que lhe garantiria a governabilidade

“Délia anuncia o fim da carreira política e Barbosinha se coloca como candidato”. A princípio, em que pese a obviedade da coisa, imaginei tratar-se de um furo de reportagem. Afinal, o jornalista Clóvis de Oliveira, diretor do site Douranews, que estampou a manchete neste final de semana, além de contar os dias que lhe restam como chapa-branca (assessoria da prefeitura), depois de desiludido com o bolchevismo soviético foi militar junto aos demos do deputado que ora se coloca como candidato a sucessor da prefeita dita republicana. Para meu desapontamento, ao invés de uma informação privilegiada, tratava-se apenas da repercussão de uma entrevista de Délia à rádio comunitária Javé, enquanto que a segunda parte da manchete já havia sido antecipada aqui no Contraponto, no mesmo dia da aludida entrevista de Barbosinha ao “Noticidade” da FM 104.

Do que se aproveitou da fala da prefeita, só mais um erro grosseiro de estratégia. Até porque o fim de sua carreira política não carece de anúncio. Sem contar, ainda, a inveracidade da notícia. Afinal, se estivesse mesmo pensando em jogar a toalha ela não perderia seu precioso tempo no Facebook falando em “grandes realizações”, como, por exemplo, a reforma de uma quadra esportiva na Vila Vargas. Pior, nesses tempos difíceis, não teria corrido o risco de colocar tudo a perder com a milionária campanha eleitoral do filho Neno. Quanto a isto, aliás, a prisão de seu secretário de Fazenda, João Fava Neto, sogro do agora deputado, esta, sim, pode ter decretado não apenas o fim de sua carreira política, como a antecipação do fim de seu mandato. Como desgraça pouca é bobagem, na mesma operação em que Fava foi preso caiu também a vereadora Denize Portolann, por crimes cometidos como secretária de Educação e abrindo o caminho da PED aos colegas vereadores da base aliada Idenor Machado, Pastor Cirilo e Pedro Pepa.

Queira ou não, com ou sem anúncio, o mandato de Délia Razuk foi para as cucuias no dia em que ela se ajoelhou para o Ministério Público, demitindo seu secretário de governo, Raufi Marques, acusado de envolvimento em crime de improbidade ao tempo em que fora chefe da Casa Civil do governo Zeca do PT, quando o próprio Zeca estava no pleno gozo de seus direitos políticos, inclusive sendo candidato a senador. Esta primeira demonstração de pusilanimidade veio seguida da queda do ex-prefeito José Elias Moreira de sua assessoria de Planejamento. Mais, ainda, pelos currículos e critérios de escolha dos substitutos dos dois únicos secretários, além de Ledi Ferla (também nesse meio de tempo defenestrada da Assistência Social), tidos como capacitados para tocar profissionalmente a máquina. Para completar a desgraceira, agora, mais recentemente, em efeito dominó, caindo um por um de todos os homens “da cozinha” dos Razuk (Tahan Mustafá, de Obras; Joaquim Soares, dos Serviços Urbanos; Renato Vidigal, da Saúde; Marcão Sepriva, da Agricultura, e por aí vai).

No auge desta tempestade perfeita, eis que surge um salvador da Pátria. Não, não estou falando de um juiz aposentado (Celso Schuch) para o governo ou (quanta falta de criatividade!), pegando carona na onda Bolsonaro, de um coronel da reserva do Exército (Paulo Nogueira) para cuidar do cofre arrombado, ambos, pelo visto, escolhidos para pôr medo no promotor Ricardo Rotunno – o encarregado da caça às bruxas na prefeitura e aos sócios-parceiros no Jaguaribe. O Sinhozinho Malta douradense atende pelo nome de Archimedes Lemes Soares! Ele mesmo, o lendário, pragmático e onipresente Ferrinho.

Ex-presidente da câmara de vereadores cujo maior ‘crime’ foi abrir uma saída de emergência em seu gabinete para esquivar-se dos credores (maledicência de um à época insubordinado pauteiro da TV Morena), Ferrinho foi a panaceia sugerida por Roberto Razuk para tentar salvar o governo da patroa. Mas, só por isso, para não dizerem que é o marido quem manda, seu nome foi peremptoriamente vetado. A sugestão era para substituir Joaquim Soares nos Serviços Urbanos, mas, esta, sim, a grande oportunidade perdida por Délia Razuk para colocar o homem certo no lugar certo, na hora certa: nesse estado de emergência, de ingovernabilidade total, ninguém melhor que Ferrinho para a Secretaria de Governo. O interlocutor preferido e da mais alta confiança do poderoso-chefão, com bom trânsito entre cardeais da política estadual, como André Puccinelli, Londres Machado, Zé Teixeira, Zeca do PT e, se duvidarem – via Rodolfo Nogueira –, até com as portas de Bolsonaro a ele franqueadas. Na pior das hipóteses, por ser o que melhor entende a linguagem dos vereadores, com ele Délia Razuk jamais perderia uma eleição para a mesa diretora da Câmara. E a tão sonhada – e sempre cara, aliás, caríssima, já que falamos em Sinhozinho! – governabilidade estaria garantida.

A prefeita Délia e o marido, Roberto Razuk: divergências, ainda, sobre quem manda na prefeitura

Ferrinho recebendo o general da Brigada em seu gabinete na presidência da Câmara Municpal, na década de 1980

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