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Temer no volume morto e o dia depois de amanhã

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24/10/2017 – 15h21

A partir desta quarta-feira, presidente vai estar garantido até 2019

BRASÍLIA – Na ficção científica das telas, “O dia depois de amanhã” conta a história da catástrofe em escala planetária. O mundo prestes a acabar, mas os mocinhos do filme exibido lá nos idos de 2004 se salvam quase todos, e vão refundar a humanidade no que sobrou da Terra. Na época, contam que custou caro produzir o blockbuster hollywoodiano. No mundo real aqui nas terras brasilianas, o juízo final está bem distante. Depois que a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer for barrada pela Câmara, ficará ainda mais longe. Acusado de obstrução à justiça e organização criminosa, crimes não muito próprios de um presidente da República, Temer deixará de ser processado.

O encontro com a justiça está marcado para depois que deixar o cargo. Sem cargo de ministro no governo eleito em 2018 ou mandato parlamentar a partir de janeiro de 2019, terá o processo conduzido pela Justiça Federal. Hoje, não se pode ter certeza quando chegaremos a uma sentença sobre o caso. Mas se pode dizer que o presidente, saindo vencedor da votação na Câmara nesta quarta-feira, ganha autonomia de voo. Estará desimpedido para se dedicar a assuntos de governo. A agenda policial ficará para outros acusados na Lava-Jato.

O que Temer fará no ano que lhe resta à frente do país é esperar para ver. Propor e aprovar reformas profundas como a da Previdência ? Difícil de crer se a reforma é impopular e quem vota é o deputado que vai tentar manter o posto em 2018. Vai recrudescer a gestão das finanças do governo fazendo ajustes que o mercado pede? Outra aposta de risco. Quem puxar da memória saberá que o PMDB em ano eleitoral não costuma patrocinar medida amarga. Está sempre de olho no desejo e temor dos eleitores.

Mas temos um presidente que está ali quase no volume morto da popularidade com 3% de aprovação. E a lógica diz que, se não acredita numa retomada de credibilidade, ele pode prescrever remédios amargos ao país. Como político tende a ser sempre otimista, pode ser que ainda haja um desejo de tentar ser compreendido ou lembrado como o presidente-tampão que tentou dar certo enquanto uns e outros o acusavam de receber empresário em casa ao cair da noite, deixando seus auxiliares livres para correr atrás de malas de dinheiro.

Mas voltando ao dia de amanhã, vale lembrar que, se Hollywood gastou muito para fabricar o fim do mundo imaginário, temos um presidente também abrindo o bolso público para salvar seu mundo, e evitar seu apocalipse político. Precisaremos esperar as eleições para ver quem sobreviverá.

Frabcisco Leali

Temer no volume morto e o dia depois de amanhã

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