26.2 C
Dourados
sexta-feira, abril 19, 2024

O sorriso de Segóvia, a cúpula do PMDB e a Lava-Jato

- Publicidade -

10/11/2017 – 17h22

BRASÍLIA — Na quarta-feira, um experiente delegado foi questionado: a nomeação de Fernando Segóvia para o comando da Polícia Federal significaria o fim da Operação Lava-Jato como alardeavam os adversários do diretor-geral? Ele respondeu com uma pergunta. “Por acaso ninguém notou que as operações da Lava-Jato vêm se reduzindo gradativamente desde a troca de presidentes da República ano passado?

Então, a pergunta adequada seria de outra natureza: a nomeação de Segóvia, com apoio dos caciques do PMDB, quase todos investigados por corrupção, vai acelerar o declínio da Lava-Jato e restaurar o eldorado da impunidade nos meios políticos? Se dependesse da vontade dos grupos que se organizaram para promover a dança das cadeiras na PF, a resposta seria sim.

Se dependesse da simpatia pessoal de Segóvia, sempre afável no trato, um desaviado poderia também arriscar um palpite afirmativo. Mas grandes operações de combate à corrupção não estão circunscritas ao gosto pessoal de alguns políticos e muito menos aos humores do chefe da polícia.

Os inquéritos policiais hoje são peças complexas, que dependem muito mais da disposição para o trabalho dos delegados e agentes que estão à frente das investigações do que do diretor-geral. No Ministério Público, é o procurador-geral da República quem dá a última palavra sobre uma apuração relacionada a pessoas com foro no Supremo Tribunal Federal (STF). Na Polícia Federal, o relatório final de uma investigação é de responsabilidade exclusiva do delegado-chefe do inquérito.

Um diretor não pode sair da cadeira de chefe para dizer que a investigação deve seguir esta ou aquela linha. Se o fizer, corre o risco de sofrer um processo por prevaricação. Por muito menos, em um passado recente, dois vice-diretores quase foram presos por, supostamente, tentar proteger investigados.

A expressão “a PF é um campo minado” não é um simples clichê. O ex-diretor Leando Daiello sabia muito bem disso. Por vezes, ele planejou trocar pelo menos um delgado da Lava-Jato em Curitiba por questões relacionadas a diárias, mas não conseguiu. Ele tinha receio de ser acusado de estar conspirando contra as investigações.

Outro detalhe neste jogo: Segóvia é educado, gentil e contou, sim, com apoio político para chegar ao topo. Mas não há no histórico pessoal dele nada que indique submissão ou leniência. Aliás, foi na gestão dele na Superintendência da PF que um delegado indiciou por corrupção e outros crimes o empresário Fernando Sarney, filho do ex-presidente José Sarney.

Enfim, Segóvia pode oferecer sorrisos, cafezinho e uma discreta entrada na garagem para políticos intimados para depor. Nada muito diferente do que faziam os antecessores. Mas os capítulos finais da Lava-Jato, no que diz respeito à polícia, continuam nas mãos dos delegados que estão à frente de cada um dos inquéritos abertos até agora.

E quem são esses delegados? Isso é o que veremos.

Jailton de Carvalho

Segóvia, o novo homem forte da PF

- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -

Últimas Notícias

Últimas Notícias

- Publicidade-