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Ivanildo tenta se safar, mesmo com delações esvaziadas

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17/11/2017 – 08h29

De anônimo gerente de banco a próspero empresário urbano e rural, Ivanildo da Cunha Miranda vem a ser um dos mais atuantes operadores financeiros do universo político e empresarial em Mato Grosso do Sul. Entretanto, a partir do momento em que passou a operar também no submundo, enveredou-se por labirintos tão tortuosos e escuros que o fizeram se perder. Sem saída, apanhado por operações de combate à corrupção, só encontrou um jeito, o único, para escapar da desgraça total de uma rigorosa e exemplar condenação: colaborar com a Justiça na condição de delator.

Na última terça-feira, 14, uma força-tarefa da Polícia Federal, Receita Federal e Controladoria-Geral da União cumpriu dois mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária, seis de condução coercitiva, 24 de busca e apreensão. Era a quinta fase da Operação Lama Asfáltica, denominada Papiros de Lama, deflagrada a partir de delação premiada de Ivanildo Miranda com um direcionamento para incriminar o ex-governador André Puccinelli, líder das pesquisas de intenção de voto para a sucessão estadual de 2018.

Enquanto as denúncias contidas na delação estão sendo investigadas, levanta-se diante da opinião pública o véu que durante anos vinha encobrindo a trajetória nebulosa, porém rentável, do ex-bancário. Afinal, Ivanildo Miranda, quando saiu da instituição financeira, tornou-se proprietário rural, escalou degraus empresariais e, bem-sucedido, com fazenda e empresas na área de bebidas, usou sua habilidade para enfiar-se nos principais círculos políticos. Com isso, adquiriu influência e a utilizou para ganhar proximidade e dinheiro junto a poderosos grupos empresariais, principalmente a J & F, holding da JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, seus dois amigos e maiores financiadores no submundo dos negócios.

A ficha de Ivanildo, como já está sendo levantada nas investigações, é bem extensa. Consta, por exemplo, que ele enredava os políticos com a perspectiva de arrecadar recursos para campanhas eleitorais. Fez isso, por exemplo, quando fez um empréstimo para a primeira campanha de Puccinelli ao Governo e foi a Joesley Batista para levantar mais contribuições de cunho eleitoral e registradas na Justiça. Mas o “olho grande” de Ivanildo foi aumentando e tornando cada vez mais exigentes as investidas junto aos financiadores.

Depois de ter sido denunciado por colaboradores importantes das delações premiadas da Operação Lava Jato, como o doleiro Lúcio Funaro e o próprio Joesley Batista, com citação inclusive de valores que lhe foram repassados, Ivanildo teria sido também o operador de um esquema criativo que consistia na “compra” de emendas parlamentares federais. Para efetuar a operação, utilizava-se de recursos próprios ou até de operações de empréstimo bancário, dinheiro que retornava depois com valores corrigidos.

Em sua delação premiada à Procuradoria-Geral da República, o doleiro Lúcio Funaro contou ter pago propina para “Ivanildo Cervejeiro” intermediar operação junto ao Grupo Marfrig e à Caixa Econômica Federal para liberação de R$ 300 milhões. E segundo Funaro, Ivanildo informou que operava para Joesley Batista e o Grupo JBS toda parte de isenção fiscal, compensação tributária e tudo que envolvesse a Secretaria de Fazenda de Mato Grosso do Sul. A pedido de Joesley, o doleiro revelou ter feito o pagamento de R$ 1 milhão para Ivanildo.

Contudo, Ivanildo Miranda pode ver frustrada a tentativa de atenuar suas penas se a credibilidade dos métodos da delação premiada continuar caindo, como se verifica no âmbito da Lava Jato e de outras operações de combate à corrupção. (MS Notícias)

Ivanildo Mirana, operador financeiro de André Puccinelli, depois de Reinaldo Azambuja

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